No teatro a Poética de Aristóteles assume uma importância indiscutível no que concerne à definição de tragédia clássica.
A tragédia define-se como uma imitação de caracterização elevada, sendo esta representativa, em vez de narrativa, para poder suscitar emoções como o terror e a piedade e, consequentemente, produzir o efeito de catarse, de purificação, sob o espetador.
Por exemplo, encontramos este terror em vícios que vão para além das normas estabelecidas; o incesto e o parricídio eram os crimes mais encenados em palco.
No caso de Édipo, o terror está associado ao sentimento de desconhecimento. A tragédia ensina que há uma transcendência divina; há uma fatalidade que não é da responsabilidade de quem comete a ação. no período clássico essa fatalidade é da responsabilidade dos Deuses.
Sabemos que estamos perante uma tragédia quando, através da indução desses sentimentos, se dá a catarse; ou seja, quando se dá uma purificação das paixões e das emoções no momento em que os personagens tomam conhecimento do crime, provocando uma espécie de identificação no espetador.
A linguagem utilizada é ornamentada e em verso para combinar com o espírito elevado e educacional que o teatro representava na geração clássica.
A tragédia divide-se em três partes fundamentais:
- Pensamento: É aquilo que enquadra a encenação de uma personagem, permitindo a progressão ao longo da ação. É o que se estuda para analisar o discurso da personagem.
- Caráter: É aquilo que permite distinguir os personagens.
- Mito: É a própria imitação das ações. É o mito que conta a história.
Dois dos elementos importantes na tragédia são:
O Reconhecimento que se trata do momento em que caminhamos para a catástrofe, momento em que uma das personagens principais passa a conhecer a sua verdadeira identidade, momento alto do conflito em que a personagem deixa de ter atitudes;
E as Peripécias que estão associadas ao inesperado que decorre ao longo da acção e que a vai transformar, mudando de direção.
A morte trata-se de um elemento de consagração heroica, pois é através dela que a personagem se liberta do pecado e do sentimento de culpa. A morte permite a recriação de um exemplum, através do sacrifício o personagem alvo das incidências do destino pode alcançar um nível superior ao terrestre.
Relativamente a questão da verosimilhança são dois os que a defendem de maneira diferente:
Énodoto, o historiador, refere que a verosimilhança vai ao encontro da verdade;
Enquanto que Homero refere que na verosimilhança para a arte o que é considerável não é o que é possível de acontecer no ponto de vista externo, do mito, mas sim do ponto de vista interno, do caráter da personagem.
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