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Este blog foi criado no âmbito da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação do Mestrado de Ciências Humanas e Sociais.
É dirigido a Técnicos de Investigação Artística, a Animadores Sócio-Culturais, a Atores, a Encenadores, a Realizadores, a Críticos de Arte, a Professores ou Formadores e a qualquer pessoa que tenha curiosidade em aprofundar ou debater estes temas.

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Teatro Medieval

Espaço cénico medieval 

O interior das igrejas é usado inicialmente como teatro. Quando as peças tornam-se mais elaboradas e exigem mais espaço, passam para a praça em frente à igreja. Palcos largos dão credibilidade aos cenários extremamente simples. Uma porta simboliza a cidade; uma pequena elevação, uma montanha; uma boca de dragão, à esquerda, indica o inferno; e uma elevação, à direita, o paraíso. Surgem grupos populares que improvisam o palco em carroças e se deslocam de uma praça a outra. 

Durante esta época encontramos duas grandes manifestações:

  • Teatro Religioso: Dentro do teatro religioso existiam espetáculos que eram representados mesmo dentro das Igrejas, como os mistérios, os milagres e as moralidades. Mas também existiam uns cânticos, as laudes, que não utilizavam o recinto dos templos. Embora estes géneros de teatro fossem muito mais desenvolvidos do que os primeiros esboços dos jograis, ainda se apoiavam muito mais na linguagem gestual do que na verbal (salvo as moralidades) e, nos primeiros tempos, eram representados por membros do clero que usavam como veículo de expressão o latim. 

    O teatro religioso dividia-se em 4 grupos:
  1. Teatro de Mistérios - Esta representações tinham como tema principal as festividades religiosas descritas nas Sagradas Escrituras, a Bíblia. O Natal, a Paixão e a Ressurreição, na Páscoa, eram alguns dos episódios mais frequentemente representados.

  2. Teatro dos Milagres - Estas representações retratavam a vida dos servos de Deus e nelas, por vezes, apareciam as pessoas a quem os Santos ajudavam. Mas não se ficavam só por aqueles que eram citados nos Livros Sagrados, também podiam referir-se a personagens da época, o que constituía grande interesse para o público.

  3. Teatro das Moralidades - As moralidades são representações que se desenvolveram mais tarde do que os mistérios e os milagres. Tal como estes, estavam repletas de ensinamentos cristãos, mas tinham um carácter mais intelectual e, em vez de utilizar as personagens da Bíblia, serviam-se de figuras que personificavam defeitos, virtudes, acontecimentos e ações. Eram personagens alegóricas como, por exemplo, a Luxúria, a Avareza, a Guerra, o Trabalho, o Tempo, o Comércio, ou a Esperança.

  4. Teatro das Laudes - Este género de teatro religioso distingue-se de todos os outros por não ser inicialmente representado num palco, mas sim nas ruas, caminhos e campos, por onde o povo e os frades caminhavam. As laudes derivam dos “tropos”: diálogos, cânticos e rituais que eram realizados alternadamente entre o padre, o povo, e o coro nas missas nas Igrejas. Só que as laudes eram feitas sob a forma de procissão (uma espécie de romarias) ou eram declamadas, dialogadas e recitadas em degraus, pórticos e outeiros.


  • Teatro Profano: Teve origem nos próprios géneros litúrgicos, que foram sofrendo alterações e desenvolvimentos. Este agradava mais aos escritores, visto que não havia qualquer tipo de restrições para a imaginação, e ao público que, a partir do Renascimento, foi progressivamente se descentrando das relações do homem com Deus e se preocupou mais com o homem em si mesmo. 

    Este tipo de teatro tinha 6 vertentes:
  1. Sermão Burlesco - Eram monólogos breves recitados por atores ou jograis mascarados com vestes sacerdotais.

  2. Sottie - Eram cenas representadas por “parvos”, truões ou bobos, simbolizando personagens-tipo ou instituições sociais. Eram breves sátiras  construtivas, geralmente de índole política. 

  3. Farsa - Pretendiam representar os defeitos, as fraquezas, os acontecimentos cómicos da vida das pessoas e rir-se deles despreocupadamente, de um modo mais grosseiro.

  4. Arremedilhos - Pensa-se que eram farsas em miniatura com música e com um texto,  cuja recitação era feita por um par de atores. Mas também podem ter sido simples “imitações burlescas” feitas por jograis remedadores, isto é, por bobos cuja especialidade era ridicularizar macaqueando o aspeto das pessoas; e se assim foi não havia um texto de suporte às representações.

  5. Momos – Peças em que as personagens utilizavam máscaras.

  6. Entremezes – Peças curtas que eram representadas nos intervalos de peças grandes. O que se pretendia era que o publico nos intervalos divertisse-se enquanto esperava pelo resto da peça.

Nesta época houve a ocorrência de dois agentes culturais, ligados ao teatro por intermédio da poesia, que contribuíram de forma positiva para esta arte dramática:
  • Trovadores – aqueles que compunham os textos;

  • Jograis – aqueles que interpretavam os textos, acompanhados pela música. O jogral estava muito associado ao arremedilho, por isso dizia-se que um jogral era um arremedador. Imitava e repetia comportamentos da sociedade que estavam à sua volta, ou coisas que haviam sido escritas anteriormente. Através das imitações, fazia retratos da sociedade para provocar o riso no espectador.

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